Friday, January 20, 2006

 
Em constante mudança...


“...e quando nós pensamos que sabemos todas as
respostas, vem a vida e muda todas as perguntas”.


É comum vivermos uma vida inteira convencidos de que sabemos quem somos e o que queremos realizar. Perante a imensidão da vida e da sua constante mudança, acantonamo-nos em pequenas esquadrias criadas para nós pela sociedade, pela família ou por nós próprios, numa ilusão de segurança que normalmente só é abalada em épocas de grande instabilidade social. Mas entretanto, será toda essa “máscara social” tão segura quanto supomos? E quanto de nós pode revelar-se nessa maneira de viver?

Não, não se trata de advogar a insegurança ou o mergulho no desconhecido sem outro intuito que não o de mudar. Essa opção seria tão cega como a outra, de nos agarrarmos “com unhas e dentes” ao que está... Trata-se, isso sim, de olharmos os nossos condicionamentos, as nossas limitações e – sem nos apressarmos a substituí-las por outras igualmente cegas – chegarmos à conclusão de que, mais importantes que as respostas, são as perguntas que a vida nos faz.

Quem somos, realmente?
Não o que socialmente assumimos, mas espiritualmente?
No mais íntimo e não-deformado do nosso Ser?

“Quando pensamos que sabemos todas as respostas”... – atitude que quer dizer que nos encontramos confortáveis, achando que a vida externa corresponde ao que queremos, ao que somos... Mas a vida externa é sempre e só um reflexo do nosso caminho de busca interior. E essa não se compadece de respostas, pois só acorda dentro de nós novas questões:

-Quem sou?
-O que é que realmente quero?
-Para onde vou, na minha busca de verdade?

A maior parte das pessoas prefere as respostas às perguntas – são mais fáceis, mais seguras. Incomodam menos. Não ´~oem em causa os “equilíbrios” duramente conseguidos ao longo de muitos anos de “treino social”.

Mas então, “vem a vida e muda todas as perguntas”! Para quê?!

Para nos despertar para uma realidade que transcende o social, o psicológico, e mergulha no mais profundo de nós mesmos, em busca de uma verdade espiritual que nos fundamenta a um nível mais profundo?

Aceitar as perguntas que surgem pode ser aparentemente pôr em causa as “respostas” que pensávamos tão válidas. Mas vale a pena.

Porque a vida vai “varrer” tudo o que não estiver bem, tudo o que não potenciar o crescimento da Alma, a Libertação das capacidades mais profundas de cada um de nós.

Mudando as perguntas, a vida força-nos a não descansarmos, a não nos “copiarmos a nós próprios”, a não rotularmos a verdade com a primeira definição que aparece mas a percebermos que é a Vida que se faz através de nós e que o nosso conforto pouco importa quando comparado à aprendizagem do espírito.

“Diversidade na Unidade” (como o motto da Europa) cada um de nós é apenas uma máscara do grande Ser que procura conhecer-se a Si próprio através de cada uma das suas criaturas, através de cada um e de todos nós.

Numa ludicidade criadora e criativa, “Deus” conhece-se a Si próprio através do grande teatro levado a cabo pelas suas criaturas.
“Lila” – o grande Jogo de Deus, em que perante respostas demasiado rígidas, surgem sempre novas e imorredoiras perguntas, das quais talvez a questão mais importante seja:

-Quem sou?

Isabel Nobre
Nota: Este texto foi publicado na Revista Buddhi.
Foto de Isabel Nobre

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